O que pensa a população?
O transplante ou doação de órgãos costumam ser temas que dividem opiniões. Seja devido à falta de conhecimento ou ideias equivocadas acerca do procedimento, as opiniões variam de pessoa para pessoa. Fizemos a seguinte pergunta a entrevistados de diferentes gêneros, profissão e faixa etária:
Você seria capaz de doar algum órgão como rim, medula óssea ou parte do fígado? Por quê?
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Confira o que eles responderam.
Um rim não parou uma vida
Desde os 22 anos as dores de cabeça se tornaram companheiras de Juliana Bellin. Aos 25 anos mais um problema: sua pressão arterial começou a subir muito. Aos 28, após ter a sua primeira filha, sua situação piorou: muita falta de ar e inchaço no corpo. Enfim veio o laudo médico: um dos rins já estava paralisado.
Na primeira semana após a notícia, Juliana, hoje com 40 anos, começou o tratamento com diálise. Imediatamente a sua família se mobilizou para o processo de exames na esperança de encontrar um rim compatível. Foram diversos tratamentos, muitas análises e dois anos depois o segundo rim tinha paralisado. A sua senha na lista de espera era a de número 33 mil.
Dados do Ministério da Saúde de setembro de 2016 mostram que as maiores listas de espera para a realização de transplantes são para rim, fígado e pâncreas/rim, respectivamente. Para cada órgão há uma fila de espera conforme a Lei nº 9.434/1997. Os cadastros de pacientes são monitorados pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) que é a instância responsável pelo controle dos transplantes de órgãos, de tecidos e de partes do corpo humano realizados no Brasil.
A ordem de chegada nem sempre é o requisito necessário para conseguir uma doação mais rápido. Segundo o Ministério da Saúde, os critérios obedecem a condições médicas e três fatores determinantes: compatibilidade dos grupos sanguíneos, tempo de espera e gravidade da doença.
Na fila de espera, dois anos depois de descobrir a necessidade do transplante, Juliana recebeu a notícia de que a sua mãe, Maria Ferraz, 65, seria a sua doadora. O transplante foi um sucesso, inclusive, superou as expectativas médicas.
Em abril de 2017, Juliana completou 9 anos como transplantada. Durante todo esse processo, principalmente na espera por uma doação, ela sempre teve em mente que ali não era o seu lugar, era apenas uma passagem de vida.
Para doar órgãos em vida é necessário
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Ser um cidadão juridicamente capaz
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Estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a saúde e aptidões vitais do doador
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Passar por avaliação com um médico afastando a possibilidade de existir doenças que comprometam a saúde do receptor
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Doar um dos órgãos ou tecidos que sejam duplos e não impeçam o organismo do doador de continuar funcionando
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Ter um receptor com indicação terapêutica indispensável de transplante
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Ser parente d até quarto grau, cônjuge ou obter autorização judicial caso não se enquadre nos critérios parentais estabelecidos
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Compatibilidade dos órgãos
O processo de identificação da compatibilidade do órgão transplantado depende de diversos fatores, da mesma forma em que está diretamente relacionado às chances de sucesso da cirurgia, possibilitando que o receptor consiga levar uma vida normal por 20, 30 ou mais anos.
Os critérios mínimos de seleção que auxiliam na verificação de compatibilidade incluem idade, tipo sanguíneo e testes laboratoriais com triagem. Não há nenhuma restrição absoluta à doação de órgãos a não ser para soropositivos e pessoas com doenças infecciosas ativas.
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O que diz a legislação
As campanhas para doação de órgãos no Brasil acontecem com frequência e isso se deve ao índice crescente de transplantes realizados no país, segundo o Ministério da Saúde. Para ser doador, o site oficial informa que basta a autorização familiar para a retirada, após a constatação da morte encefálica, o que significa não haver mais traços vitais sendo inevitável uma parada cardíaca.
Para o reconhecimento de um doador, as centrais de transplantes estaduais são comunicadas através do cadastro das pessoas que aguardam. A escolha do receptor se dá pela odem da lista , mas só é definida com o resultado dos exames de compatibilidade com o doador.
A Lei nº 9.434/97, que rege os procedimentos sobre doação de órgãos, autoriza a retirada de órgãos e tecidos de pessoas mortas somente após o diagnóstico de morte cerebral constatada por dois médicos, além da autorização do cônjuge ou parente.
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